quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Seis



De volta à estaca zero.
No peito, aquele velho sentimento, que enrijece a mandíbula e endurece a alma. A história de não levar a vida tão a sério. Entender a lógica de que a vida é feita apenas de momentos felizes.  Por que tão breves?
O cansaço que dá lugar à vida. Uma nova mudança, pra qualquer lugar que seja longe o suficiente de tudo o que traz à tona esse sentimento: eu mesma.
Por que tão breve?
O sorriso largo. O êxtase gratuito.
Quando se descobre que é preciso mais. Quando se conquista o que se tem, o resto perde a graça.
Como quem reza a Deus pedindo qualquer coisa.
São tantas vozes. Tantas palavras. Tantas vontades.
Todas ao mesmo tempo, como quem vê e ouve espíritos.
Frutas na janela, Clarice no liquidificador. Cereal em barra para a leitura.
Amigo imaginário. Masturbação a três. Tudo em um segundo.
E para o próximo, seis.
Na TV, qualquer coisa de fácil digestão. Qualquer coisa pra não ouvir os próprios pensamentos.