sábado, 8 de dezembro de 2012

Looping


Eu caminho como quem vê a vida passar. Eu espero, escrevo e me repito. Continuamente, como quem tenta se convencer. Eu espero um tempo de acontecimento, mas escrevo como quem escreve o próprio roteiro, de uma vida que talvez não seja a sua. Eu escrevo o roteiro da vida de alguém que não sou.
Me sinto um peso. Um fardo. Pesado até pra mim. Eu escrevo e sonho, mas não executo. Não ajo. Não vejo espaço. Essa ideia de fim do mundo, talvez ele já tenha acabado pra mim. Como quem espera a grande explosão num quarto escuro, vazio e solitário. Preenchido apenas com a própria bagunça. E espera do clarão uma nova chance. Um renascer da própria dor, e ela vai deixar de existir.
Se fecho os olhos, eu vejo. Me vejo. Vejo alguém. Quando os abro, não vejo mais nada além da parede firme e branca. Dura como pedra, imóvel e estática. Eu podia ser uma parede. 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Criancices


Quando eu era criança, eu via a menina dançar. Ela jogava o cabelo e se entregava tanto, que eu ria dela. Mas, em silêncio, sentia vontade de me entregar igual. Jogar o meu cabelo. Mas se eu ria, sabia que ririam de mim. 
Quando eu era criança, tinha o tio, mas não tinha o pai. Tinha a mãe, o avô e a avó. Tinha primos, mas não tinha irmãos. 
Quando eu era criança, eu queria ser adulta, pois acreditava que adultos tinham as respostas para tudo. Até para minhas próprias perguntas.
Acreditava que adultos aprendiam a amar, simplesmente como se aprende a ler. E que o amor viria perfeito e sóbrio, brando e leve, mas com aquele sustinho de quem é atingido por coco de passarinho, quando menos se espera.
Eu achava que a vida de adulto estaria pronta, apenas me esperando para tomar o meu lugar nela. Sem crises, sem dramas.
Mas ainda, quando criança, eu chorava muito e sentia dor. Uma dor que não era como dor de dente ou dor de barriga. Não era dor em nenhum órgão. Era uma dor muito lá dentro. E, embora eu não soubesse exatamente onde ficava a alma, nem qual era a sua forma, eu tinha uma certeza qualquer de que era lá que doía. Mas eu achava que alma sumisse com o tempo. E que quando eu fosse adulta, ela já não existiria mais. E que, então, pararia de doer.
Quando eu era criança, eu experimentei ostra e sorvete de kiwi na praia. Mas caçoaram de mim. Diziam que eu queria ser diferente. E eu me perguntei tantas vezes por que eu não tinha pedido sorvete de chocolate.
Eu não gostava quando as pessoas me acusavam de querer ser diferente. Mas também não entendia por que eu tinha que ser igual. Mas era melhor não perguntar isso em voz alta.
Me satisfazia com a resposta que eu mesma inventei: que talvez a adultice me curasse. Talvez, até ficar adulta, eu já teria aprendido a ser igual, mesmo tendo sido tudo diferente, quando eu era criança.

domingo, 4 de novembro de 2012

Paredes brancas



Em meio a tantas desgraças no mundo: fome, guerra, massacres, doenças, furacões, mortes. Estar a salvo de problemas dessa natureza, ter uma vida ordinária é algo bom. Motivo suficiente para respirar aliviado, dormir em paz e agradecer pela vida que se tem. E quando não é?

Entre todas as possibilidades de estar nessa cidade, sua escolha tem sido simples: um quarto fechado. O seu. No máximo, a sacada para soprar fumaça e olhar a vista. Com uma vida sem muitos problemas, sem grandes emoções, quase roga a Deus, antes de dormir para que algo aconteça. Algo que dê algum sentido a essa languidez. Algo que traga à tona algum sentimento além da indiferença. Da apatia.

Hoje, comeu muito alho, para sentir o gosto de alguma coisa.

Os pensamentos caminham longe e voltam para o quarto branco. Sempre existem desculpas. Você mal consegue sentir. Dormir e acordar todos os dias está longe de ser o sinônimo de viver.

Enquanto isso, o vazio. Um velho amigo. Perguntas, vontades, desejos. Velhos amigos. Nos conhecemos desde que me lembro de ter consciência. Mas antes, tudo era mais latente. Incrível como a vida vai nos levando o visco, a vontade. Aquela intrínseca, verdadeira. E de repente, o tempo nos transforma em criaturas voláteis demais para sentir algo de forma tão, visceral.

As obrigações diárias. O medo de falhar em algum ponto. O desespero de que algo dê errado e fuja do controle. Do próprio controle.

E de repente, amar se torna proibido. Arriscar um palpite também. Se aventurar, nem pensar. Se você parar para analisar a sua linhagem, vai ver que ninguém deu tão certo assim. Você veio de pessoas que simplesmente se adaptaram à sobrevivência. Quem mesmo disse que com você seria diferente?

Se o método Bokanovsky não fosse ficção, você certamente seria um exemplo de falha em algum dos processos de condicionamento. Um Epsilon que pensa demais. Meia falha, eu diria. Porque em meio a tanto pensamento, falta o fator vital. Ação.

Algumas páginas de Bukowski aqui. Alguns episódios de uma das suas séries favoritas ali. Fumaça para esquecer. Ou para lembrar. Lembrar de todo o tempo que perdeu, tentando achar sentido para as coisas. Ligando A com Z como se ao final, chegaria a alguma brilhante conclusão. A razão da sua existência, ou todas aquelas falas que certamente quiseram dizer mais do que  o que de fato foi fito. Bullshit! Sim. Muito tempo perdido assim.

E todas as histórias que você mesmo criou. Tinha o enredo, a fala de todos os personagens. Tudo tão perfeito que possivelmente Woody Allen o invejaria. Perfeito demais para essa coisa blasé chamada vida, a sua vida. Privada de qualquer emoção verdadeira. Simplesmente um dorme-acorda regular. E quando você acorda, nada, além da parede branca e dos seus sonhos sem sentido.

E a vida se esvai.

O tempo te consome e deixa marcas. Daquelas que você só vê quando acende a luz do espelho do banheiro enquanto escova os dentes. O relógio parece sempre marcar tempo demais. E quando cai em si, consegue entender que, na verdade, é tempo de menos o que lhe resta.

“Estou me sentindo tonta. Meus pensamentos parecem rodar a uma velocidade qualquer que eu simplesmente não acompanho. Não me concentro. Viver dói.”

Vazio.

Qualquer coisa é suficientemente desinteressante para lhe tirar a atenção. Concentração no nada. Na parede branca ou na luz acesa do vizinho da frente. No barulho que vem de lugar nenhum. Ou de algum lugar. Aquela tortura agonizante não lhe permite pensar. Pessoas festejam na rua suas alegrias vazias. Seus copos de cerveja amarga. Festejam coletivamente suas vidas medíocres e ordinárias. Transeuntes que passam. Anônimos que gritam, de desejo ou de dor. Em voz alta ou em silêncio. No apartamento ao lado, um último suspiro de prazer.

As luzes se apagam sem beijo de boa noite. Apenas travesseiros e o edredon para te satisfazer essa noite. E mais algumas.

Cedo demais para dormir de novo.

Seus pensamentos não são lineares. Tantos enredos desperdiçados. Tantos diálogos que não foram ditos. Nem serão. Aqueles diálogos só fazem parte da história criada na própria mente. Será tão difícil assim distinguir a vida real da própria ficção? Deve ser.

Pois bem, acenda um cigarro e perceba que é só um cigarro. E que lá fora, a vida teima em existir, com ou sem você.

No telhado, a antena range. O vento sopra, mas ainda assim faz calor. Aquele calor que escalda a alma, ao invés de simplesmente aquecê-la. Que traz ao conforto uma certa sensação de incômodo.

Ainda sentia o gosto do alho. Era tudo o que conseguia sentir naquela noite vazia. De luz acesa, porta da sacada aberta e paredes brancas.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Espelho


Essa coisinha chamada tempo. Que nos consome e nos deixa marcas. Que nos abandona à deriva, esperando por um barco qualquer que leve à eternidade. Essa coisa que chamamos de vida. Coisa estranha, de onde ninguém sobrevive. Entender isso talvez seja tão importante quanto tomar café da manhã. E no almoço, espelho. 

sábado, 27 de outubro de 2012

Apneia



Sim, existe a vida. Essa coisa maluca e única. E existem dias que não queremos que ela exista. Um quarto escuro, um lugar sombrio. Às vezes é mais fácil se fechar nele e perder o sol brilhando lá fora. Isso é quando a vida passa e você não vê. Às vezes, realmente, a única vontade é de fechar os olhos. E nos fechar dentro de nós mesmos. Ainda assim, lá dentro, existe vida. Sangue correndo, órgãos funcionando, coração batendo. Nos dias de escuridão, isso acontece de forma mais amena, mais devagar. Como se a qualquer instante, o coração fosse parar de bater.

Mas, de repente, ar é necessário. E como quem sai da apneia, daquele mergulho voluntário, longo e sufocante, abre a cortina do quarto. E resolve olhar pela sacada, ainda timidamente, a vida acontecendo lá fora. Uma lembrança. Turva, distante, mas verdadeira. Banho tomado, coração batendo. Vontades. Sonhos. Desejos. Hora de respirar fundo e ir atrás de um pouco mais de vida. Mais uma dose, por favor.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Seis



De volta à estaca zero.
No peito, aquele velho sentimento, que enrijece a mandíbula e endurece a alma. A história de não levar a vida tão a sério. Entender a lógica de que a vida é feita apenas de momentos felizes.  Por que tão breves?
O cansaço que dá lugar à vida. Uma nova mudança, pra qualquer lugar que seja longe o suficiente de tudo o que traz à tona esse sentimento: eu mesma.
Por que tão breve?
O sorriso largo. O êxtase gratuito.
Quando se descobre que é preciso mais. Quando se conquista o que se tem, o resto perde a graça.
Como quem reza a Deus pedindo qualquer coisa.
São tantas vozes. Tantas palavras. Tantas vontades.
Todas ao mesmo tempo, como quem vê e ouve espíritos.
Frutas na janela, Clarice no liquidificador. Cereal em barra para a leitura.
Amigo imaginário. Masturbação a três. Tudo em um segundo.
E para o próximo, seis.
Na TV, qualquer coisa de fácil digestão. Qualquer coisa pra não ouvir os próprios pensamentos.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

(Não) Existe amor em São Paulo

                    Desenho: Ormuz Junior

Noite de feriado. 
Duas almas se juntam para uma cerveja na Augusta. À medida que a garrafa se esvazia, as conversas existenciais se aprofundam. A cidade é feita de pessoas que não se veem. Não se olham. Não se tocam. Não se escutam. Em meio a tanto barulho, ninguém ouve ninguém, concluem.
Um transeunte se aproxima. Transeunte mesmo, digno dos contos do Machado de Assis. Não era um indigente, beirava a distinção. Exalava solidão. Pediu um copo de cerveja e reclamou da falta de amor. Gritou a dor e a solidão. Bebeu aquela cerveja, salgada pelas lágrimas, como quem engole o próprio desespero. Boa noite, agradece. 
E o transeunte se vai. 
Daquele rosto, alguém se lembrou. E da cor de seus cabelos brancos. E do seu desespero tão genuíno e verdadeiro. Tão seu. Tão meu. Tão de tanta gente. 
Garçom, mais uma, por favor.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Um dia talvez



Eu gosto dos sonhos. Do objeto do sonho. E das pessoas que sonham.
Eu gosto de pensar no quanto pode ser gratificante um sonho realizado.
Eu gosto do impossível. Da possibilidade de se tornar possível.
E do desejo e da angústia de quando tudo parece não ser.
Não precisa ser grande. Pode ser só a vontade de outra coisa. Qualquer coisa.
Eu gosto do utópico, da sensação boa de sonhar o impossível.
De todas as fantasias que se cria em segundos de pensamento.
Eu gosto da mente. Da inquietude que te leva para qualquer lugar em segundos.
Eu gosto da sensação de estar lá.
Mesmo que amanhã, ao acordar, tudo volte ao normal.
No sonho eu fui. Vi e vivi. De alguma forma, realizei.
Se não hoje, um dia talvez. 

domingo, 6 de maio de 2012


Para cada conquista, a dúvida. 
O esforço de encontrar alguma uma pista de que aquele é o caminho.
Para cada resultado, o vazio. 
Uma certeza, quase superficial, de que a luz que se mostra é a que deve iluminar a estrada.
Para cada incerteza, o silêncio.
Uma taça de vinho para brindar o cansaço.
Para cada pergunta, um gole.

sexta-feira, 23 de março de 2012

À mãe, ao pai, o filho

Ô mãe, avisa o pai que eu fui. Fui pra longe, longe da luz.
Desfaz minha cama, e monta um altar. De lá, eu não vou mais voltar.
Ô pai, cuida da mãe. Põe a mesa no café, mas deixa um lugar pra mim.
No almoço, calem o silêncio com as histórias que não vivi. 
De quando em quando se lembrem, com carinho, de mim. 
Sexta à noite, desligue a TV. 
Ô pai, compra aquele vinho, não precisa ser do mais caro. 
Mas põe na taça bonita, faz pra mãe um agrado.
Esquece seu gosto de música, e bota um jazz pra tocar. 
Acende uma vela e na música, me sinta, eu estou lá.
Quando puder, vai ver a lua. Quem sabe eu não fui pra lá. 
Ô mãe, faz um favor, cuida pra mim do menino. 
Do filho que nunca tive, mas que de alguma forma, vive.
Leva meu filho pro mar e o deixe livre pra voar, ou nadar.
Quem sabe assim, quando menos se espera, ele vem me buscar.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Garrafas de vinho, palavras ao vento


Sou eu quem deixa a toalha molhada em cima da cama. Quem dorme com os olhos em chamas e rega com lágrimas a fronha do travesseiro. Adubo para o desespero. Sou eu que, sem saber o que fazer com a capacidade de ler o outro, abdica de ler a si. E não lê. E nem diz quem é.
Saber quem se é, é ter que afirmá-lo pra si mesmo. E a qual preço.
Procuramos o caminho do meio. Alimentamos nossos próprios anseios e fugimos de nossas maiores dores. 
Achamo-nos livres. E de dentro de nossa liberdade, vemos um mundo lá fora. Um mundo que não se define. Cuja felicidade é a nova TV  - no carnê, em 36 vezes.
Esse texto, ninguém lê. E quem lê não se importa.
A caverna do outro é só dele. Deixe-o preso por lá. Liberdade é a caverna de cada um.
Dizer-se livre, mas livre de quê? Do que precisamos nos redimir? A qual preço.
Garrafas de vinho e palavras ao vento. Ditas com a mesma intensidade que a fumaça do cigarro.
O que nos sufoca? O que nos mata?
Dormir e acordar é o que chamamos de vida. Entediante, eu sei.  Mas entediante o suficiente para não querer dar cabo a ela.
Ela que é sempre tão incerta e tão bela. Tão nociva e tão chata. Tão repleta de senões, e tantos nãos. E tantas mãos que, entrelaçadas, significam o mesmo que nada. Mas dela, ninguém quer de fato morrer.
Quem o faz, deixa cartas. E roga para que sejam lidas antes do juízo final.
Um carrinho de emergência e movimentos de ressuscitação. Quem quer voltar?
Dormir e acordar. Ser. Sonhar.  

domingo, 11 de março de 2012

Papel em branco e algumas reflexões. Ou apenas perguntas, vazias.

Uma folha de papel em branco. Como a vida.
Todos esses anos tentando entender sobre esse divino mistério. Afinal, o que é isso?
Vida.
Sempre me pergunto o que realmente isso significa. Uma viagem. Um tempo. Nada. 
Respostas ninguém tem, mas continuam todos vivendo.
Enquanto isso, acidentes por aí. Pessoas nascendo, outras morrendo. Pessoas sendo felizes e outras fingindo que são. 
Entre um trago de oxigênio e outro, vida. 
Um cigarro e uma taça de vinho. Jazz para os ouvidos e, resposta nenhuma. 
Estamos presos em algum lugar. Marionetes de alguém. 
Dizem que somos senhores do próprio destino. Mas sempre precisamos de algo no que confiar. Fé. Deus. Energia. Qualquer coisa. Qualquer coisa que nos redima de nossas próprias culpas. Ou que justique nossas angústias. Ou ainda, que dê alguma razão para os nossos dias. Todos os dias. 
Presos nas ruas, em casa, numa garrafa de scotch. 
Nos achamos tão donos de nós mesmos, mas sempre buscamos algo que justifique nossas fraquezas. Ou nosso sucesso. 
Afinal, ganhar na loteria é ou não uma questão de sorte?
Enquanto isso, nos pedem otimismo. Em quê? Como isso pode mudar o destino?
Destino. Uma reta para algum lugar. Ou lugar nenhum. Uma estrada de muitas curvas.
Essa estrada desconhecida, estrada. Qual o imã que nos mantém nela?
Quem é o motorista dessa coisa chamada ser.  Quem muda o caminho? E quem sabe qual o caminho a seguir.
Desistir, dizem, é sempre o caminho mais fácil. Desistir para onde? De quê? 
E quando falam do recomeço, citam Fênix. Onde estão as suas cinzas então? 
Recomeço. 
Recomeçar nunca é fácil, principalmente quando não se sabe em que parte da estrada você está. Menos ainda quando não se acha a direção para um lugar qualquer nos mapas. 
Recomeçar tem a ver com traçar um novo caminho. Mas e o destino, já não está traçado?
Tantas perguntas, desde sempre. Afinal, o que estou fazendo aqui?
E se a resposta for recomeçando, me pergunto de novo: de onde?

quarta-feira, 7 de março de 2012

Ao tempo, meu melhor sorriso


Tempo, tempo, senhor tempo.
Tu, de quem tanto se fala. Quantos poetas sobre ti escrevem. Mas de fato, quem és tu, ó tempo?
Uma entidade que brinca de esconde-esconde com nossas vontades? Um mausoléu onde se mantêm reféns os nossos desejos?
Tempo, tempo, senhor tempo. Sei que de ti, não devo correr. Devo manter-te a meu lado, mesmo sem saber quem és. Dar-te vida, e a ti, sorrir. Sorrir sempre,  meu melhor sorriso.
Ó tempo, quem sabe de ti? Onde resides ou onde te escondes?
No jardim que habitas, ainda não te vejo. Talvez esteja, minha visão, um pouco turva. Ou talvez não saibam meus olhos, identificar o que veem.
Devesse talvez enxergar com os olhos da alma?
Tempo, tempo, senhor tempo. Não te escondas de mim.
Dou-te vida em meus desejos. Tira-me a vida, em meus anseios.
Sim tempo, vou-te sorrir.  Sempre, o meu melhor sorriso.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Quanto

Quanto vale a vida pra você?
Um carro, uma casa, um celular. Viajar no fim de ano pra algum lugar.
Estudar, trabalhar. Errar querendo acertar. Errar.
Cerveja, comida, sucesso.
Morar na praia. Ver o mar.
Usar algo até acabar. Descartar sem usar.
Pós- graduação, profissão, conta bancária, crescer.
Casa dos pais, almoço e janta. Jornal Nacional na TV.
Emagrecer. Engordar.
Amar, sonhar, casar.
Quanto custa? Quanto vale?
Querer ter, querer ser. Querer.
Verbos. Coisas. Ser. Ter.
E você?
Quanto vale sua vida pra você?