sábado, 29 de março de 2008

Por mim

Agora é o momento da força que me falta. Preciso rever minha vida, parar de só pensar. O que estou fazendo comigo? É uma espécie de purgatório que insisto em viver.

Preciso de ajuda. Da minha ajuda. Rever os meus valores. Recuperar minha força. Deixar essa vontade de nada.

Preciso de mais ação, atitude, ideologia. Encontrar em meio a esse turbilhão de nada, força para parar de esperar da vida e fazer por mim. Eu, por mim mesma.

terça-feira, 25 de março de 2008

Pegadas

Saudosa dos tempos que se foram e temerosa pelos que virão. Trago na memória lembranças que parecem tão íntimas e tão distantes ao mesmo tempo. Daquelas que parecem ter acontecido ontem, mas que já nem sei quando aconteceram.

O amanhã me assusta e o passado insiste em me assombrar. Às vezes as assombrações não são tão ruins, a não ser pela dor da sua inexistência.

É tão difícil se desvencilhar do tempo. E mais difícil é construir seu próprio tempo.

Sou assim... vivo em busca do que ainda está por vir e espero mais do que o que a vida pode me oferecer. Um pé aqui, outro lá atrás e mais um logo adiante. Sou quem busca deixar suas próprias pegadas marcadas num chão que às vezes se mostra pouco sólido.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Ciclo

A sede me seca as veias. A sede da vontade, do desejo, do sonho. A sede me seca a vontade. A vontade seca, seca o sonho. O sonho seca, espera, cai. Cai como as folhas secas, mortas. Morre a face, morre o sonho, o abandono. Abandono seco, molhado, espantado. A face abandona o corpo. O corpo abandona a alma. A alma se despede, desfalece e morre.

Mas da morte surgem as cinzas. E as cinzas cicatrizam as feridas. As feridas secam. A alma procura o corpo. Acha. O corpo procura a face. Acha. Tudo se encaixa. O abandono é a ferida viva. Morta. O abandono cicatriza. E na cicatriz encontra força. E da força cresço, amadureço. Amadureço e seco. Seco e caio como a folha seca no outono. Mais uma vez, um novo ciclo. Ciclo de novas cicatrizes e velhos sonhos.

sábado, 15 de março de 2008

Cinzas

Perdi as contas de quantos cigarros já fumei, com a esperança que a angústia vá embora junto com a fumaça. Já nem sei mais o que sinto, com tanta coisa na cabeça, e mais ainda no coração, ao mesmo tempo.

Tem dias que são assim. A sensação de querer tudo ao mesmo tempo e, ao mesmo tempo, não saber o que querer. A cabeça a mil, o coração apertado. Aquele querer o que não pode e aquela saudade do que ainda não viveu. Querer ser cidadã do mundo e ainda não ter conseguido ser cidadã de si mesma.

Enquanto isso, os pensamentos vagueiam e o cinzeiro cumpre o seu papel: se encher de cinzas, mas cinzas de alguma coisa que é mais do que o cigarro que se apaga. E mais um cigarro se apaga.

Eu

Leio o horóscopo sempre que posso
E acredito quanto convém
Rezo pro meu anjo da guarda toda noite
Adoro insensos
Já fiz novenas
Já fumei todos os cigarros que eu fiz um pedido, pus ao contrário no maço e deixei pra fumar por último
Já li algumas coisas na bíblia
Já li livros de Wicca
Já pedi, pedi e implorei... mas nem sempre fui atendida
Eu choro
Eu dou gargalhada
Ora uma criança
Ora uma velha ranzinza
Já tomei banho de sal grosso e de cachoeira
Já fiz todas as dietas possíveis e imagináveis
Já quis morrer
Já quis viver mais
Já pedi pra noite não ir embora, só pra eu continuar vendo a lua
Já pedi pra várias pessoas não irem embora, só pra não ficar sozinha
Já quis voar (ainda quero)
Já quis voltar o tempo
Já quis que o tempo passasse mais rápido
Já comi até vomitar
Já deixei de comer
Já quis mandar o mundo pro espaço, ou eu mesma
Sinto saudades
Sinto frio e calor ao mesmo tempo
Já pedi colo
Já pedi beijo
Já pedi tanta coisa
E principalmente: um muito obrigada
Já quis ser feliz
Já quis ser triste
Já chorei e ri ao mesmo tempo
Já tomei vários porres na balada, de alegria ou pra chorar as mágoas
Já quis quebrar a casa
Já quis pedir pro mundo parar, só por um instante, pra eu pensar um pouco
Já perdi a cabeça
Já me perdi e me encontrei milhares de vezes
Já quis ser atriz
Já deixei de querer e hoje eu não sei mais
Já quis ficar sozinha
Já chorei por uma companhia
E hoje?
Hoje. Tudo o que já fiz, já senti, eu continuo fazendo e sentindo
Às vezes uma coisa de cada vez
Outras, todas ao mesmo tempo